Em visita recente ao Brasil para promover a maior feira canábica da América Latina, a uruguaia Mercedes Ponce de León, ativista e fundadora da ExpoCannabis Uruguay, foi entrevistada pelo Cannabis Monitor Brasil.
Por Gustavo Maia e Monique Prado.


Palestra no ExpoCannabis Uruguay
O Cannabis Monitor Brasil entrevistou no último mês a uruguaia Mercedes Ponce de León, ativista, idealizadora, produtora e porta voz da maior feira canábica da América Latina, a ExpoCannabis Uruguay.
Faltando um mês para a sexta edição do evento, que ocorrerá nos dias 6, 7 e 8 de dezembro, em Montevidéu, Mercedes esteve no Brasil recentemente para promover a feira que atrai grande público brasileiro, maior até que de uruguaios, e trocou uma ótima ideia conosco sobre suas perspectivas em relação à indústria da cannabis, imprensa e impacto social.
Com a proposta de englobar todos os setores da indústria canábica, a ExpoCannabis Uruguay 2019 contará com diversas palestras, fóruns, workshops, atendimentos ao público, oficinas, consultórios médicos, tours e premiações nas temáticas da indústria, serviços, medicina, pesquisa científica, recreação e cultivo.
De acordo com organização do evento, “a ExpoCannabis Uruguay é a plataforma de informação mais importante sobre cannabis da região. O evento é proposto como uma ferramenta de articulação de todos os que atuam no setor, com a presença de autoridades estaduais, empresas nacionais e estrangeiras, a academia, comunidade médica, organizações sociais, produtores e clubes cadastrados, entre outros. Seu objetivo é a desmistificação da cannabis e a desestigmatização de seus usuários. A cada ano, o evento concentra-se em diferentes aspectos da planta para ampliar o espectro de seus usos e mostrar seu potencial medicinal e industrial.”
Segue abaixo a entrevista completa realizada com Mercedes:


O Cannabis Monitor Brasil foi idealizado com o propósito de monitorar e divulgar os debates, notícias, narrativas, iniciativas e eventos relacionados à maconha no Brasil.
Agregando grande parte das notícias em um só lugar, criamos um banco de dados desses registros históricos que podem ser utilizados para realizar análises e pesquisas acadêmicas e independentes sobre o que se fala e como se fala sobre maconha no Brasil atual.
Os veículos de imprensa hegemônicos, desde a proibição efetiva da planta no Brasil, em 1932, até o início do século XXI, foram defensores do modelo proibicionista e atuaram como porta vozes das forças repressivas do Estado sobre a planta e seus usos, contribuindo enormemente para a construção e manutenção de um estigma marginalizante e criminalizante em relação à maconha e seus usuários.
Deste modo, é nosso objetivo ser um veículo crítico sobre as notícias produzidas sobre a cannabis neste momento de esgotamento do fracassado modelo proibicionista de “Guerra às Drogas”, em que vemos mudanças significativas ocorrendo em diversos países.
Estamos atentos sobre os temas que mobilizam a imprensa a pautar cannabis e buscamos problematizar o que vem sendo promovido e o que vem sendo silenciado nos debates e narrativas.
Temos preocupação e interesse centrais, que são as questões sociais que envolvem tanto a proibição da maconha no Brasil quanto às recentes mudanças de paradigma em relação a planta no Brasil e no mundo.
Cannabis Monitor – Deste modo, sabendo que a ExpoCannabis se trata de um evento de negócios, gostaríamos de saber se há preocupação, promoção e abertura para ações de cunho social, por iniciativa do próprio evento, parceiros e expositores. Se sim, que tipo de ações seriam?
Mercedes – Sim, para compreender o espírito da ExpoCannabis é necessário entender que quem o idealiza são ativistas canábicos desde sempre. Nossa intenção é facilitar o acesso a informação de qualidade sobre a planta e ser uma ferramenta de articulação entre os atores vinculados ao tema em pleno processo de implementação da uma regulação pioneira a nível mundial e que deve ser apoiada em todos os âmbitos para um bom desenvolvimento. Isto faz com que a ExpoCannabis Uruguay seja o único evento no mundo onde em uma mesma feira tenha stands de agentes públicos do governo, de organizações sociais, de centros de pesquisa e da iniciativa privada. É uma feira que abriga todos os atores e as empresas são mais um.
As palestras e oficinas são âmbitos de total promoção de projetos de pesquisa, acadêmicos, de organizações sociais, etc. As ONGs tem todas as facilidades para participar com stands e os clubes de cannabis tem acesso a convites grátis para seus sócios.
Por outro lado, este ano, junto com a Prefeitura de Montevidéu, estamos concedendo os prêmios Daniel Vidart, prêmios econômicos e de difusão de projetos vinculados à cannabis em 3 categorias: Educação e redução de danos; PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação); Cannabis Medicinal, Alimentício e Terapêutico. Estes projetos podem ser de âmbito formal ou informal, a seleção é ampla.
Promovemos a organização social de empresas e estamos na direção da Câmara de Empresas de Cannabis Medicinal do Uruguai, promovemos o movimento feminista canábico e antiproibicionista (a proporção de mulheres encarceradas por delitos de drogas é maior do que a dos homens).
Desde 2015, funciona na ExpoCannabis o Consultório de Orientação em cannabis medicinal, que oferece consultas gratuitas com médicos especialistas em cannabis a todos os participantes que desejem tirar dúvidas. Nesta área, grupos de pesquisa desenvolveram o levantamento de dados que permitiram analisar os usuários medicinais em vários aspectos. Estes resultados estão disponíveis em www.monitorcannabis.uy
CM – Há possibilidade da indústria canábica, em expansão no âmbito legal, se diferenciar das indústrias tradicionais, como as de bebidas e tabaco, em relação às boas práticas e compromissos sociais e ambientais?
M – Sim, sem dúvidas. A indústria canábica tem vários desafios e um dos principais é legitimar e normalizar sua atividade. Até que não seja eliminada da lista 1 de entorpecentes proibidos e não possa operar com liberdade em um sistema financeiro, seu crescimento está bloqueado. Por sua vez, por vir do mundo underground, é uma realidade a necessidade de profissionalismo para poder levar adiante projetos e, neste ponto, é chave que se tenha boas práticas e compromisso social e ambiental. A cannabis é uma planta tão versátil que oferece oportunidades de trabalho em muitas áreas da matriz produtiva mundial. Com ela se pode abarcar desde a área social, de direitos humanos, segurança pública e saúde, mas também há incidência nas áreas de tecnologias avançadas, indústria, atividades agroindustriais e de desenvolvimento econômico muito potentes com o cânhamo, por exemplo. Por ser uma planta rústica e com ótimas propriedades do ponto de vista ambiental, é um grande aliado. Pode ser cultivado para regenerar solos e purificar cursos de água. Se o mundo tirar proveito do potencial da cannabis para o meio ambiente, temos uma grande oportunidade. A questão está para ser feita e vai além da indústria da cannabis, mas da indústria capitalista em geral.


CM – Pensando na realidade brasileira, em que questiona-se e problematiza-se um modelo de regulamentação que desconsidera a questão racial (determinante para a legitimação da proibição no país), há entre ativistas uma preocupação de que esse processo acompanhe políticas de reparação histórica e social direcionada para indivíduos, grupos e comunidades que foram, por décadas, criminalizados, perseguidos e combatidos por atuarem no comércio varejista ilegal de maconha. A ExpoCannabis se envolve, dá abertura ou apoia esse tipo de contrapartida?
M – A ExpoCannabis abre a discussão para a maior quantidade de âmbitos e vozes. Temos trabalhado desde o início a questão da criminalização dos usuários, das mulheres e homens pobres. Este ano haverá um fórum sobre segurança e saúde que discutirá a regulamentação do mercado de drogas com o presidente da Polícia do Uruguai, Mario Layera, que é a favor da regulamentação como saída para esta questão, vendo a criminalização que se faz da sociedade e também vários outros pontos.
No Uruguai, o eixo central de discussão para a regulamentação foram os direitos humanos e não a questão medicinal, como no Brasil. Aqui é possível consumir cannabis e outras drogas desde 1974, no entanto era necessário cometer um delito para acessar o direito de uso. Portanto, os usuários eram inevitavelmente criminalizados e foi necessário enfrentar a regulamentação. Uruguai tem uma agenda de direitos progressistas desde sempre e isto responde à sua história.
CM – Há espaço para esse tipo de debate no evento? Faz sentido na realidade uruguaia como faria na brasileira?
M – Sim, embora a realidade de cada país seja diferente e o Uruguai já regule o seu mercado, o debate está se encaminhando para outras áreas de impacto social.
CM – A ExpoCannabis faz uma separação entre os usos medicinal e não medicinal, devido a uma demanda da indústria. Pensando no Brasil, onde o debate, apesar de crescente, ainda sofre bastante resistência e está, neste momento, restrito ao uso medicinal e sua regulamentação: Como você avalia as expectativas dos investidores em relação ao mercado canábico brasileiro?
M – Cada país tem seu processo de discussão, regulamentação e desenvolvimento em relação a este tema.O Brasil, como muitos outros países, concentrou a discussão na questão medicinal e isto abriu as portas para a indústria da cannabis e, embora a indústria no Brasil ainda seja muito pequena, há grandes expectativas para o desenvolvimento futuro devido ao tamanho do seu mercado. Sem dúvidas, as empresas medicinais estão atentas ao desenvolvimento deste tema no Brasil por ser um grande mercado na América Latina. Do ponto de vista da indústria, o país tem tudo para ser uma potência neste mercado e certamente o será uma vez que regule seu mercado e produção.
CM – Você avalia de forma positiva o lobby da indústria pela separação entre a cannabis para uso medicinal e a para uso social?
M – É uma separação que foi impossível de evitar e foi necessária para a mudança de paradigma e para a sobrevivência de grande parte da indústria. As razões são meramente políticas e produto da proibição, isto sem dúvidas, mas graças às aplicações medicinais que existem é que podemos abrir muitas portas para a reavaliação do potencial da planta. Tem sido em muitos lugares a maneira pela qual a sociedade abriu os olhos e deu uma oportunidade de pelo menos discutir o assunto.
O estigma proibicionista da cannabis já existe, não podemos evitá-lo. Por isso, temos que procurar maneiras de desmantelar esse pensamento coletivo negativo em relação à planta que não tem nenhum fundamento científico e que sua raiz é a guerra às drogas com interesse econômico, político e racial. Hoje, são os resultados de medicamentos e pesquisas científicas, que estão sendo cada vez mais desenvolvidos, que estão abrindo as mesas de discussão nas sociedades.
Por outro lado, existe, digamos, uma terceira via de ação da indústria da cannabis que é o desenvolvimento do cânhamo, que não é psicoativo e nada tem a ver com uso recreativo, mas, no entanto, possui um grande potencial produtivo.


CM – Ele não fortalece a manutenção de uma estigmatização e criminalização do uso social?
M – Que o estigma ou a criminalização do uso social da cannabis seja mantido não depende da legitimidade do uso medicinal. Em algum lugar devemos começar e, sem dúvida, é uma luta do campo dos direitos sociais e humanos em geral que continuaremos a travar. É uma discussão que se estende para além da cannabis e lida com todas as minorias criminalizadas pelas “Guerra às drogas” e não apenas com os usuários.
Me preocupa o discurso proibicionista que existe dentro do escopo da maconha medicinal. Este transfere a condenação moral de uma planta para um composto químico: O THC. E reconhece apenas o CBD como medicamento. No entanto, o THC tem aplicações em várias doenças e enfermidades, mas, por ser psicoativo, parece mais um “demônio”, em vez de um medicamento em potencial.
CM – Diferente do Uruguai, no Brasil, a atuação de movimentos sociais e associações de pacientes tem sido determinantes para pressionar o poder público, através do judiciário, agências reguladoras e casas legislativas a debaterem mudanças nas leis e normas que restringem o uso da maconha medicinal e seu acesso. Com base na sua experiência, como o contraponto promovido por movimentos sociais pode impactar na forma de atuar da indústria e quais sugestões você daria aos ativistas e investidores do setor canábico no Brasil?
M – O movimento social foi fundamental no Uruguai para regular o mercado de cannabis. Foi ele que fez o lobby político para promover a regulamentação e teve muita importância em todo o processo anterior à mesma. Logo após aprovada a lei, o movimento social se transformou, muitos ativistas começaram a formar clubes e hoje participam das oportunidades das diferentes vias de acesso.
Nos últimos anos, o movimento social foi liderado, principalmente, pelas organizações de familiares com filhos com epilepsia que, mesmo sendo legal a cannabis medicinal no Uruguai, não tem acesso aos medicamentos para eles. A luta se transformou e agora é por uma questão de saúde.
Aos ativistas do Brasil, eu lhes diria que sigam atuando e agregando, repensando juntos as políticas de drogas do país e da região. Tecendo redes com os movimentos sociais de outros países que estão passando por este processo para criar sinergias na América Latina. Aqui, para além da cannabis, há uma luta por direitos e justiça muito forte, que envolve toda a sociedade: pôr fim a uma “guerra” que fracassou.
CM – Como a indústria se adapta às diferentes realidades regulatórias dos países latino americanos?
M – A indústria é indústria, sempre se adapta às regras, leis e códigos de cada país. À medida que os mercados se abrirem, haverá mais oportunidades. A tendência já é uma regulamentação mundial. A indústria evolui com o processo de normalização, vemos isso muito claramente na ExpoCannabis. O evento cresce e evolui à medida que as oportunidades de mercado se abrem e tudo o que acontece no meio se reflete lá.
CM – Como se dá a relação de organizações e movimentos sociais com o evento?
M – Eles participam do evento de estandes, das conferências e workshops e são convidados para o evento.
CM – A imprensa brasileira, durante décadas, contribuiu para disseminação de notícias e narrativas demonizadas da planta e criminalizadoras de seus usuários. Atualmente, a pauta da cannabis está em bastante evidência nos meios de comunicação brasileiros. Como você vê a atuação da imprensa uruguaia em relação a temática da cannabis?
M – A imprensa é imprensa aqui e ali. Existe um discurso proibicionista hegemônico que ainda questiona a lei e coloca títulos tendenciosos em seu fracasso. Continua a acontecer, por mais que haja regulamentação. Há também uma imprensa mais progressista, que fornece uma visão mais ampla. Algo muito relevante, é que a questão da regulamentação da maconha no Uruguai atraiu a atenção da imprensa internacional. Foi um choque, de repente, muita imprensa veio de fora e viu o processo com bons olhos. Principalmente as imprensas norte-americana e européia, que queriam conhecer a proposta. Isso abriu muito a porta para ouvir outras vozes em torno deste tema e, especialmente, vozes internacionais que são admiradas aqui.
CM – Você acompanha o debate canábico na imprensa brasileira?
M – Em 2014, quando começamos a Expo, acompanhei um pouco a situação com os pacientes que queriam trazer o óleo dos EUA. Houve uma conferência de um especialista brasileiro sobre isso que acompanhamos e sempre convidamos referências do Brasil para manter o público atualizado. Agora que a ANVISA começou a mostrar sinais de mudanças, começamos a estar mais atentos ao assunto. Estivemos no Brasil no início deste mês e nos encontramos com indústria, organizações sociais e diversas mídias.


CM – Como você avalia a atuação da nossa imprensa, tradicional e alternativa, no cenário atual?
M – Não tenho capacidade de analisar a imprensa brasileira porque não acompanho o assunto tão de perto. O que vejo é que jornais de importância, como a Folha de São Paulo, já têm uma seção sobre o assunto, que vários canais digitais e alternativos falam sobre e identificam uma grande massa crítica nas redes sociais super ativas no debate brasileiro.
CM – Como a imprensa pode contribuir para a desconstrução e desmistificação do “tabu” que ela mesma ajudou a criar no imaginário social em relação a maconha?
M – Todos os temas “tabu” são um problema para a sociedade, porque a falta de informações ao seu redor nos aprisiona e não nos dá a liberdade de escolher claramente o que queremos fazer em determinadas situações. Nas drogas, por exemplo, a falta de informações sobre os riscos e danos de seus abusos faz com que muitos sejam expostos a riscos que desconhecem. Essa falta de informação acontece em todos os tema tabu: drogas, sexualidade, morte, doença mental, violência, abuso, etc.
As plataformas de comunicação e informação, sejam da imprensa ou de qualquer outra natureza, tem a responsabilidade de informar as pessoas sobre essas questões. É fundamental investigar e criar conhecimento científico e social sobre cada uma delas, a fim de melhor abordá-las em termos gerais.
CM – Você vislumbra a possibilidade de experimentarmos uma edição da ExpoCannabis no Brasil em um futuro próximo?
M – Sim.
CM – Em que aspectos o modelo uruguaio, de legalização e regulamentação da cannabis, pode contribuir ou servir como base para um futuro modelo brasileiro?
M – Cada país tem sua regulamentação, que se adapta à sua realidade e contexto político. Eu acredito que o Brasil construirá seu próprio processo. Estou convencida de que a base da nossa regulamentação pode ajudar a proposta brasileira. Nossa lei já foi usada como base para estruturas como as da Colômbia, Peru, Canadá, etc.
Tudo relacionado à parte industrial, creio que poderia ser perfeitamente aplicável no Brasil, espero eu, melhorando alguns aspectos de acordo com as necessidades. Quanto às vias de acesso da cannabis para uso adulto não medicinal, também seria um modelo aplicável. O Brasil, com seu potencial para a de produção de cannabis, pode dominar o mercado e afastá-lo dos traficantes de drogas. No Uruguai, o mercado regulamentado já removeu mais cannabis do mercado clandestino do que a polícia em qualquer apreensão na história. E as farmácias, onde a cannabis barata do estado é vendida, não estão fornecendo o bastante, há mais demanda do que produção e elas fornecerão mais licenças para que mais empresas produzam. Isso gera trabalho e oportunidades.


CM – Como você avalia a grande presença de brasileiros, até maior que de uruguaios, nas últimas edições da ExpoCannabis?
M – O evento sempre atraiu a atenção do público brasileiro e, nos últimos anos, estivemos mais presentes no Brasil e investimos mais em divulgação no país. Somos gratos por poder compartilhar com o Brasil o processo de regulamentação no Uruguai. Que eles possam vir, conheçam o modelo e desfrutem dos ares de liberdade que vivemos aqui hoje, que são o futuro do Brasil.
CM – Em relação ao público e a movimentação de negócios, qual a expectativa para a edição desse ano?
M – O setor evolui e o evento cresce, por isso esperamos mais pessoas e mais empresas.
SERVIÇO EXPOCANNABIS URUGUAY 2019
Onde: Centro de eventos Latu – Montevideo – Uruguay. (Veja no Google Maps)
Quando: 6, 7 e 8 de dezembro de 2019
Ingressos e mais informações: http://br.expocannabis.uy/